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terça-feira, 31 de maio de 2011

Segurança Viária: Nem tudo que é bom para carros é ótimo para motos.

A ONU – Organização das Nações Unidas, na Assembleia Geral de março de 2010, com base em estudos da Organização Mundial de Saúde, estabeleceu a década 2011-2020 como a Década de Ação para Segurança Viária, convocando todos os países signatários, e  o Brasil foi um deles, para esse esforço mundial.
Como resposta a este chamado foi elaborado, a partir das sugestões recolhidas em reuniões da Comissão de Trânsito da ANTP, do Instituto de Engenharia e do Conselho Estadual para Diminuição do Acidente de Trânsito e Transporte – CEDATT, do Estado de São Paulo, um documento que se constitui numa proposta para os governos brasileiros e para a sociedade civil com foco no enfrentamento da grave realidade do acidente de trânsito no Brasil.
Regulamentação da restrição o uso de tachões e prismas de concreto em rodovias e vias urbanas abertas ao tráfego de motocicletas
Algumas das propostas que se relacionam aos motociclistas merecem destaque.
Uma delas trata de reduzir a incidência de acidentes envolvendo motos por conta da inadequação do sistema viário para os veículos de duas rodas. Uma das recomendações visa regulamentar a restrição o uso de tachões e prismas de concreto em rodovias e vias urbanas abertas ao tráfego de motocicletas.
Para quem não sabe, tachões e prismas são aqueles obstáculos que se usa nas pistas como reforço à sinalização horizontal. São usados para delimitar áreas que não devem ser usadas como pista de rodagem; ajudam na iluminação da estrada por refletirem os faróis, substituem os tradicionais quebra-molas em forma de concha e, em algumas situações, servem como sonorizadores avisando ao motorista para retornar a faixa de rodagem. Acontece que, quando se trata de motocicletas o problema muda de tom.
Assim como os guard-rails que por possuírem proteção apenas na parte de cima acabam por matar motociclistas em vez de salvar suas vidas; estes sinalizadores horizontais – popularmente conhecidos como ‘tartaruga’ – podem, em relação ao veículo motocicleta, causar mais acidentes do que evitá-los.
Em Fortaleza, uma das principais rotas turísticas do Brasil, uma rodovia turística é exemplo de como isso não deve ser feito. Na Avenida Washington Soares, uma ação de sinalização horizontal, realizada pela TARGA Tecnologia,  encomendada pelo Estado, onde foram colocadas prismas de dois tamanhos diferentes, gerou muita reclamação no meio motociclista e até de motoristas, pois praticamente obrigou aos donos de veículos de duas e quatro rodas a não mudarem de faixa, nem mesmo para ultrapassagem.
Virou um corredor perigoso para motos, tamanha é a proximidade entre elas (algo em torno de 50 cm uma da outra e na proximidade dos semáforos eles estão praticamente alinhados – quase sem espaço nenhum entre eles).
Estes equipamentos estão presentes em rodovias como a Presidente Dutra, porém eles têm  um fundamento e organização que garantem a segurança em vez de ajudar a provocar acidentes como é o exemplo citado de Fortaleza.
Na Dutra o espaçamento permite que carros e motos possam mudar de faixa sem maiores problemas. Outra vantagem é iluminar a pista de rodagem sinalizando sua rota através do reflexo dos faróis nos olhos-de-gato embutidos nos prismas, tachões ou tartarugas.
Em Fortaleza não é assim. A excessiva proximidade prejudica motos e carros, pois pode arrebentar a cinta de aço dos pneus dos carros, desalinhar e desbalancear as rodas dos automóveis, além do que, alguns motoristas tentam mudar de faixa tentando passar entre os vãos de 50cm de espaçamento.
Para piorar ainda mais o problema, o que não se justifica, é que eles estão colocados no trecho que tem a melhor iluminação, onde se vê tudo onde a iluminação gerada pelos faróis praticamente não é percebida. Mais à frente, onde realmente seriam necessários, por ter iluminação deficiente, eles não existem de forma nenhuma – ou seja: não existem prismas entre as faixas, nem juntos demais e nem da forma que vemos na Dutra.
Recobrimento de sinalização horizontal com tinta preta
Outra ação é proibir recobrimento da sinalização horizontal com tinta preta.
Isso é o mesmo que colocar uma armadilha na banda de rodagem para motos. Por ser preto, não se vê com antecedência suficiente para desviar-se. Em dias de chuva vira um tormento, pois frear em cima delas é ‘comprar chão’. A proibição desse tipo de cobertura vai ajudar e muito a evitar acidentes.
O CONTRAN deverá baixa Resolução com diretrizes visando orientar os órgãos executivos municipais e rodoviários a utilizar sempre que possível uma pavimentação que promova a maior aderência pneu/pavimento, em vias públicas. A adoção de asfaltos misturados com borracha, além de ecologicamente corretos, é uma forma de proporcionar maior segurança e baixa manutenção.
Restrição de velocidade
Mas nem tudo são flores. Existe uma sugestão que vai de encontro ao preceito de colaborar para uma maior segurança na pilotagem. Pela proposta seria proibida a circulação de motocicletas nas vias urbanas de características expressas e de tráfego pesado e, ainda seria limitada a velocidade das motocicletas a 80% da velocidade regulamentada da via.
Seria mais ou menos o seguinte: motos muito próximas dos carros e caminhões, rodando de forma lenta. Essa sugestão precisa ser revista, pois não casa com a principal característica do veículo de duas rodas – que é mobilidade em grandes centros urbanos e facilidade para manobrar em espaços pequenos. Isso é a mesma coisa que exigir que um coelho ande no mesmo estilo de uma tartaruga.
Pela paz no trânsito
Não é demais lembrar que no Brasil, no ano de 2010, segundo relatório do DENATRAN, foram arrecadados R$ 300.278.303,98 para o Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito – FUNSET e R$ 289.693.545,51 relativos à parcela do DPVAT.
Considerando que o FUNSET representa apenas 5% do total de multas arrecadas em todo o Brasil, o total de recursos disponíveis para os órgãos executivos de trânsito chega a R$ 6 bilhões anuais que deveriam, mas que não são inteiramente destinados às ações de engenharia, fiscalização e educação de trânsito, portanto, em ações voltadas para a paz no trânsito, que a cada dia fica mais complicado.

Fonte: motonauta

3º Prêmio CET de Educação de Trânsito … participe!

A Companhia de Engenharia de Tráfego – CET de São Paulo está realizando o 3º Prêmio CET de Educação de Trânsito, que tem por objetivo incentivar a reflexão, a criatividade e a produção de trabalhos voltados para a segurança no trânsito.
Participe
Poderão concorrer estudantes, educadores, condutores, terceira idade, empresas/entidades, empregados da CET e qualquer cidadão maior de 18 anos, que residam ou exerçam atividade profissional no Município de São Paulo.
São 14 categorias e os 3 primeiros lugares de cada categoria receberão respectivamente R$ 4.000,00, R$ 2.000,00 e R$ 1.000,00.
As inscrições deverão ser realizadas exclusivamente neste site no período de 27 de abril a 27 de junho de 2011 e os trabalhos deverão ser enviados pelo correio com data de postagem de 27 de abril a 28 de junho de 2011.
Todos os inscritos receberão por e-mail certificado de participação no Concurso.
Todos os premiados receberão um certificado com a classificação alcançada.
A escola, empresa, entidade ou instituição que encaminhar maior quantidade de trabalhos receberá certificado de Honra ao Mérito.
Resultados
O resultado e nome dos ganhadores serão divulgados no D.O.C. – Diário Oficial da Cidade de São Paulo e no site da CET, no dia 20 de agosto de 2011 e os vencedores serão informados via telefone ou e-mail.
Categorias
Saiba em quais categorias você pode participar.

CATEGORIAQUEM PARTICIPATRABALHOTEMA
EstudantesAlunos de Educação Infantil (que tenham 3 anos ou mais)ColagemO que vejo no trânsito no meu caminho a pé casa/escola
Alunos do 1º ao 3º anoCartazComo atravesso a rua
Alunos do 4º e 5º anosCartazComo atravesso a rua
Alunos do 6º e 7º anosCartazComo atravesso a rua
Alunos do 8º e 9º anosCartazComo atravesso a rua
Alunos do Ensino Médio ou EJAHistória em QuadrinhosPedestre:
eu respeito
UniversitáriosFilmeRespeito ao pedestre não é brincadeira
Terceira IdadePessoas com 60 anos ou maisCrônicaMeu caminhar pela cidade: reflexões de um pedestre
EducadorProfessores/EducadoresProjetoEducação de trânsito
Empresa / EntidadeEmpresas / EntidadesProjetoA segurança no trânsito direcionada ao pedestre
Condutor 2 RodasMotociclistas / CiclistasFotografiaEu respeito a faixa de pedestre
CondutorMotoristas habilitados nas categorias B, C, D ou EFotografiaEu respeito a faixa de pedestre
CidadãoPessoa física com 18 anos ou maisHistóriaUma história de trânsito com pedestres
Empregado da CETEmpregados da CETFotografiaCidadania no Trânsito: Pedestre



http://cetsp1.cetsp.com.br/PremioCET/default.aspx




Fonte: Motonauta

Segurança viária: leia isto antes de culpar as motos!

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Certa vez eu escutei de um fabricante de motos que o que mais atrapalham as vendas é a excessiva publicidade que dão aos acidentes com motos. Isso me gerou curiosidade, pois o fabricante disse que os jornalistas não especializados em automóveis e motos, principalmente os das páginas policiais ou das editorias que tratam do bizarro, são os que mais exploram o tema de forma sensacionalista.
Assim como as cartas de um baralho, os números não mentem jamais. Fui atrás de pesquisar mais sobre isso e acabei descobrindo que uma pessoa morre em acidente de trabalho por hora no Brasil. A informação foi dada na sexta-feira (29) no auditório da Unip (Universidade Paulista), em evento realizado pela SMS (Secretaria de Saúde), alusivo ao Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. Participaram profissionais de saúde, sindicalistas e estudantes de logística portuária e enfermagem.
Fazendo as contas chegamos a 8.760 trabalhadores mortos no Brasil em decorrência de acidente de trabalho. Se formos puxar os homicídios dentro do mesmo relatório, chegaremos a uma média de 5,7 homicídios no Brasil a cada hora. O mesmo acontece no campo dos acidentes de trânsito com motos – um número entre o gerado pelos acidentes de trabalho e bem longe do número de homicídios.
Mas por que isso acontece? Os especialistas afirmam que falta educação e fiscalização – não necessariamente nessa ordem. Vejamos o que nos interessa – motos x automóveis:
Segundo o mesmo relatório, na sua versão completa que traça o Mapa da Violência no Brasil – devemos verificar que o uso massivo da motocicleta é fenômeno relativamente recente. Segundo o próprio Denatran, ainda em 1970, ela era um item de baixa representatividade: em um parque total de 2,6 milhões de veículos, só existiam registradas 62.459 motocicletas: 2,4% do parque. Já no início da década analisada, 1998, temos 2,8 milhões, o que representa 11,5% da frota total do país. Em 2008, o número salta para 13,1 milhões, representando 24% do total nacional de veículos.
De acordo com o mapa, impressiona mais ainda o ritmo de crescimento do número de motocicletas. Nos anos iniciais da década 98/08, esse ritmo foi em torno de 20% ao ano, ultrapassando largamente o propalado crescimento dos automóveis. Se, na década, a frota de motocicletas cresceu 368,8%, isto é, acima de quatro vezes e meia; a de automóveis aumentou 89,7%, não chegando a duplicar seu número, mas teve ampla divulgação da Anfavea  – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – e grande cobertura da imprensa.
Se a frota de motocicletas cresceu 369% nessa década, as mortes de motociclistas cresceram 506%. Em outras palavras: 369% do incremento da mortalidade devem-se a esse aumento drástico da frota de motocicletas. Mas 137% (a diferença entre ambas as percentagens) só podem ser interpretados como um aumento do risco motocicleta no trânsito.

Já com o automóvel ocorreu processo inverso: a frota aumentou 88%, e as vítimas de acidentes com automóvel, 57%. Assim, por motivos diversos, o risco-automóvel caiu 31 pontos percentuais no período. Já no início do período, em 1998, o risco-motocicleta era 75% maior que o risco-automóvel. Para o final do período, no ano de 2008, esse risco ampliou-se ainda mais: 170% maior que nos automóveis.
Ou seja: automóveis estão mais seguros. Mas e como podemos reduzir o índice de acidentes com motos?
A solução passa pela adoção de políticas rígidas voltadas para a fiscalização e para a educação. Imagine que cada uma dessas ações seja um prato de uma balança. Se existe fiscalização e segurança na mesma intensidade teremos, obviamente a redução do índice de acidentes. Mas quando o fiel da balança pende para um dos lados a situação se desenha de outra forma.
Digamos que o fiel da balança pendeu para a falta de fiscalização. Se a educação for o ponto de maior peso teremos uma redução no índice de acidentes, pois com políticas prevencionistas voltadas para a educação de trânsito teremos uma maior conscientização, maior adesão ao uso de equipamentos de segurança e um maior respeito pela vida. Isso faz com que o índice também caia.
Agora, se ocorrer o contrário, se a fiscalização for rígida e esta parte for a que tenha maior peso em relação à educação, teremos uma redução de acidentes, mas quando ela falhar ou faltar ou ainda não estiver presente de forma massiva, a falta de educação prevalecerá e assim o índice voltará a subir, mesmo que ocorra apenas em microrregiões.
Enfim, a redução do índice de acidentes passa por um equilíbrio entre fiscalização e educação devidamente sustentada por uma sequência de ações focadas na segurança viária.
O Mórbido e o Bizarro
Sabemos que o ser humano tem uma pretensa curiosidade sobre o mórbido e o bizarro. Feito por seres humanos, a maioria dos veículos de comunicação estão utilizando o equipamento moto como recurso para aumentar a audiência ou vender jornais. Mostrar apenas a desgraça alheia sem debater as causas e cobrar providências é explorar de maneira pouco ética o sofrimento alheio.  Publicar acidentes, mortes e desgraças apenas por publicar para vender mais e aumentar  a audiência é uma prática que deve ser revista, pois não condiz com a verdadeira essência da comunicação – qual não seria uma via de mão dupla  – que educa através do fato e não apenas o explora para poder obter algum tipo de vantagem.
Tratar a motocicleta como a causa e a consequência do acidente de trânsito é mostrar-se pelo menos desinformado. A moto é um novo player no esquema de trânsito e por isso requer equipamentos específicos, absolutamente diferentes de um carro. Inclua-se aqui a educação de trânsito para motociclistas e motoristas. Um em relação ao outro. Assim, agindo nos dois pratos da balança, poderemos equilibrá-los de forma que todos ganham por continuarem vivos.
O problema não é apenas do Estado, mas se ele fizer a parte que lhe cabe neste tripé que forma esta balança teremos uma educação de trânsito mais eficiente, uma fiscalização mais rígida e uma segurança viária onde toda a tecnologia estaria voltada para salvar vidas.

Fonte: motonauta